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O temido Sal

O sal rosa do Himalaia ganhou imensa popularidade pela promessa de ser mais saudável do que o sal refinado. 

Se formos analisar, de fato, o sal rosa tem mais minerais que o sal refinado. No entanto, se considerarmos o uso do sal em quantidades moderadas (aquela pitada no preparo dos alimentos), esse possível benefício acaba sendo insignificante. 

O sal refinado não tem praticamente nada de minerais, além do próprio sódio, mas possui algo que o sal rosa quase não tem, que é o iodo

Em 1924 o iodo passou a ser adicionado nos sais refinados pois muitas pessoas, que viviam longe do oceano, consumiam poucos frutos do mar e apresentavam carência de iodo.


A partir de então, nódulos na tireoide tornaram-se comuns em uma parcela significativa da população. A deficiência de iodo aparece quando a sua ingestão é inferior a 20 µg/dia. 

Em caso de deficiência leve ou moderada, a glândula tireoide, influenciada pelo hormônio tireoestimulante (TSH), hipertrofia-se para concentrar o próprio iodo, resultando em bócio. 

E a deficiência grave de iodo em adultos pode causar hipotireoidismo. Em gestantes, retarda o crescimento do feto e o desenvolvimento cerebral. 

Devemos ficar atentos também com relação à toxicidade do iodo, que só se desenvolve quando a ingestão é superior a 1,1 mg/dia. 

A maioria das pessoas que ingere quantidades excessivas de iodo permanece eutireoideo, ou seja, com produção normal de hormônio tireóideo. 

Algumas pessoas que ingerem excesso de iodo, em especial aquelas anteriormente deficientes, desenvolvem hipertireoidismo. 

Paradoxalmente, o excesso de consumo de iodo pela tireoide pode inibir a síntese de hormônio tireóideo. Dessa maneira, a toxicidade de iodo pode causar bócio por iodo e hipotireoidismo.

É evidente que grande parte da população está ingerindo muito mais sal do que deveria. Devemos sempre ter em mente que a maioria dos alimentos já contém sódio, e o hábito de adicionar sal nos alimentos após seu preparo (uso de saleiro de mesa) deve ser reavaliado. 


Em restaurantes, por exemplo, observamos que as pessoas costumam adicionar sal à comida, antes mesmo de prová-la! 

O paladar se adapta à redução da quantidade de sal nos alimentos, ou seja, a diminuição gradativa do sal não afetará a percepção do sabor das suas refeições.

Devemos eliminar o sódio da alimentação?

No consultório também observo algumas desinformações sobre o sódio. Uma delas é acreditar que eliminar por completo o acréscimo de sal no preparo dos alimentos é uma boa ideia. 


A recomendação diária de sódio gira em torno de 2000 – 2500 mg, já considerando o sódio presente nos alimentos. Ao retirar por completo a adição de sódio no preparo, a chance de não atingirmos essa recomendação é muito grande. 

Em se tratando de um esportista, que tem uma maior necessidade de sódio devido a perda pelo suor, a falta desse mineral pode resultar em queda de performance. Inclusive, em exercícios intensos e prolongados, é fundamental a hidratação com bebidas que contenham sódio em sua formulação. 

A hiponatremia, definida como a presença de baixos níveis de sódio no plasma sanguíneo, pode levar o atleta até mesmo a morte.

Como o sódio é fundamental no processo de contração muscular e hidratação celular, o processo de hipertrofia ficaria muito prejudicado com a baixa ingestão desse mineral. 

A dica é utilizar sal moderadamente no preparo dos alimentos e não adicionar após o preparo e nem nas saladas. 

Quem realiza atividade física por longos períodos diários, com grande perda de minerais pelo suor, também pode precisar de suplementos específicos.

Deficiência de sódio pode ser tão ruim quanto seu excesso. Fique atento!



Esse texto foi publicado por:
RODOLFO PERES   
Nutricionista Esportivo

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